São João da Cruz ensina a centrar a vida em Cristo, afirma carmelita
- 14/12/2025
Celebrado pela Igreja neste domingo, 14, santo carmelita deixou doutrina que ajuda fiéis a se aprofundarem na vida espiritual e na intimidade com Deus
Gabriel Fontana
Da Redação

São João da Cruz / Foto: Reprodução CNBB
Proclamado Doutor da Igreja em 1926, ajudou Santa Teresa D’Ávila a reformar o Carmelo e aprofundar a vida espiritual de muitos cristãos. São João da Cruz é um dos grandes santos da Igreja e tem a sua memória celebrada neste domingo, 14.
Frei Alzinir Francisco Debastiani, OCD, comenta que São João da Cruz, nascido em 1542, viveu no chamado “século de ouro espanhol”. Em meio ao grande desenvolvimento econômico e às descobertas de seu país, ele se sentiu chamado a ingressar na vida religiosa, mas acabou se deparando com diversas infidelidades por parte dos frades.
O contexto da época era marcado por devoções exteriores, voltadas para a aparência e sem muitos fundamentos teológicos. Desejoso de uma vida austera e de maior comunhão com Deus, São João da Cruz ajudou Santa Teresa D’Ávila na reforma do Carmelo, o que depois levou ao surgimento da Ordem dos Carmelitas Descalços.
“Amor com amor se paga”

Frei Alzinir Francisco Debastiani, OCD / Foto: Arquivo pessoal
A doutrina espiritual de São João da Cruz, explica frei Alzinir, é centrada nas virtudes teologais – fé, esperança e caridade. “O santo, na sua busca do essencial, leva as pessoas a não se perderem em meio às várias solicitações que o mundo e a própria religiosidade, muitas vezes estéril, fazem”, aponta, acrescentando que seu objetivo era centrar a vida do homem no amor a Cristo, na resposta ao seu amor e na união com Deus.
O carmelita sinaliza também que São João da Cruz foi bastante elucidativo em relação às provações da vida espiritual, as quais chamou de “noites escuras”. Ao descrever os avanços no caminho de intimidade com o Senhor, pontuou que a pessoa que está passando por esse processo deseja continuar servindo a Deus com entusiasmo, mesmo sem sentir a consolação da fé, buscando ser fiel ao chamado divino.
“Deus muitas vezes ‘Se esconde’, na linguagem do santo, para que a pessoa o busque com mais entusiasmo, com mais força, para tornar então presente esta fidelidade de si mesmo, do seu ‘sim’ a Deus”, explica frei Alzinir.
Neste processo, São João da Cruz sublinha que a pessoa é levada a purificar os apetites e afetos desordenados para colocar tudo em razão e buscar aquile que é o fim do ser humano: amar a Deus. A partir daí, surgiu uma famosa frase do reformador do Carmelo, na qual expressa que “amor com amor se paga”.
“E retribuir a esse amor de Deus só é possível quando a pessoa, deixando-se purificar pela fé, esperança e caridade, emprega tudo aquilo que tem em si – as suas potências, as suas capacidades – no amor de Deus”, observa frei Alzinir.
Jesus, centro da vida espiritual do cristão
Assim, a centralidade de Jesus na vida espiritual é outro aspecto marcante da doutrina de São João da Cruz. “Ele convida a pôr os olhos somente em Cristo”, expressa frei Alzinir, “para encontrar nele tudo aquilo que Deus Pai disse que nós precisamos e temos para nos guiar”.
“O amor a Cristo Jesus não deve ser um amor apenas quando tudo está certo, mas é um amor que envolve também o abraçar a cruz e o querer segui-lo até o Calvário para chegar assim ao cume do monte”, prossegue o religioso, “onde ele mesmo descreve que ali só habitam a honra e a glória de Deus”.
Para alcançar esse amor a Cristo, São João da Cruz orienta o fiel a meditar e considerar com afeto a vida de Jesus a fim de encarnar, na própria vida, esses mesmos valores cristãos. “Isso vale para todos os cristãos, para todos os batizados, como uma forma de corresponder ao amor primeiro, para o qual fomos criados”, salienta frei Alzinir.
17 graus de perfeição
Para orientar a busca pela santidade, São João da Cruz descreveu 17 graus de perfeição, condensando seus ensinamentos para melhor compreensão. Antes de tudo, indica o reformador do Carmelo, é necessário fazer uma opção clara e correta por Deus.
“Por isso ele diz: por nada neste mundo cometer pecado, mesmo que seja venial, com plena advertência, nem imperfeição conhecida, e procurar andar sempre na presença de Deus, real, imaginária ou unitiva, segundo as ocupações com aquilo que a pessoa pode viver e está fazendo”, explica frei Alzinir.
São João da Cruz também aponta a necessidade de encarnar Cristo na própria vida, buscando a coerência e recorrendo sempre à oração, mesmo que não haja o desejo ou o gosto por rezar. Neste contexto, frisa a importância do exame de consciência, resposta ao desejo de crescer na intimidade com Deus.
Além disso, o santo carmelita ensina os fiéis a não se intrometer na vida uns dos outros, para que não caiam em distração. “Às vezes a pessoa está tão interessada nos outros que esquece do próprio caminho espiritual”, alerta frei Alzinir, que chama a atenção para o desafio de viver, atualmente, em um tempo marcado pelos meios de comunicação, sobretudo as redes sociais.
Confira a seguir os 17 graus de perfeição citados por São João da Cruz:

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